AS BORBOLETAS...

Convido você a pensar sobre questões fundamentais para o ser humano. A maioria de nós está em constante busca de viver bem, de usufruir da vida e de nos desvencilhar da solidão.

Nossa história nos formou. Somos quem somos devido aos sistemas dos quais fazemos parte.

Ao mesmo tempo que ansiamos por um amor verdadeiro, que nos traga segurança, proximidade e cuidado; também desejamos viver paixões que nos revigorem, que acordem nosso desejo, que faça nossos corpos suspirarem.

O erotismo também é uma parte essencial de nós. É a propulsão de vida, o exalar da essência humana, a descoberta de si mesmo. Ele requer distanciamento, mistério, busca o inusitado, a espontaneidade, o perigo, o inseguro...Busca o encontro e o desencontro, ao mesmo tempo.

Falariam o amor e o erotismo duas línguas distantes? Em que etapas do caminho eles podem se cruzar? Pode uma relação estável manter acesa a chama do desejo após muito tempo? Conversaremos sobre estes e outros temas...




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DA SÉRIE A DOR DE CADA UM - ANTES DE SEREM DOIS, É PRECISO MERGULHAR EM SÍ.


A palavra relacionamento tem diversos significados. Se olharmos sua derivação do latim, que significa levar consigo de uma forma intensa; relacionar-se não seria sinônimo de estar ou reagir em relação ao outro primeiramente, ou o que se imagina estar fora de nós. Seria mais um movimento de intimidade a partir de nós, e em seguida em direção a uma conexão com esse outro. E não se trata somente de conectar, mas manter o envolvimento a ponto de compartilhar experiências.
Existe algo mágico e muito poderoso em nosso corpo e mente, seja aqui ou no Japão: a importância do ser humano em formar pares. Muito já se questionou sobre o assunto, mas com certeza há um forte desejo na maioria dos homens e mulheres de ter um relacionamento afetivo.
A necessidade de se relacionar repousa na própria base da existência humana e na sua interdependência. Somos seres sociais e precisamos viver em contato com o outro. Assim também acontece em várias outras formas de vida na natureza: a dependência de partilhar, apoiar, interagir, dividir, suprir. A necessidade de amor, de relações afetivas está na base da própria fundação da existência. E é através do contato com o outro que crescemos, mudamos, contamos e recontamos histórias, nos transformamos dia a dia. E essa transformação é complexa, aperta, dói, incomoda. Porém, faz a vida mais real, mais plena, mais possível.
A inter-relação já se iniciou no ventre da mãe. O feto só sobrevive através desse outro ser. Posteriormente, passamos a ter contato com o pai, irmãos, parentes, amigos, escola, sociedade e assim por diante. Novos ciclos se reiniciam durante toda a vida. A cada novo casal que se forma, a cada família que se constrói , ciclos e mais ciclos relacionais se perpetuam, tanto os perenes como os que começam a partir do final de um anterior.
Encontrar um par amoroso é o desejo de grande parte dos homens e mulheres desde muito tempo atrás. Quando toco neste ponto uma frase me vem à cabeça, dizem que ela foi proferida a muitos séculos atrás por um governante da antiga Roma:
“NÃO EXISTE NADA MAIS PRAZEROSO NESTA VIDA, DO QUE TER ALGUÉM PRA CONVERSAR COMO SE CONVERSÁSSEMOS COM NOSSO TRAVESSEIRO.”
Muitos motivos estão envolvidos na raiz dessa busca: A sensação de aconchego, confiança, cumplicidade e esperança entre diversos outros. O que mais me toca é a intimidade, pois dentro dela encontram-se muitas outras sensações que produzem conforto e alegria.
Antes de estabelecermos relações e interdependências harmoniosas precisamos adentrar a um ponto extremamente importante e profundo: o AUTOCONHECIMENTO.
É o pensar sobre si, suas faltas, ansiedade, inseguranças, o que o move, o que o entristece, e tantas outras dores; para que seja possível estar em uma relação, sem contudo projetar no outro as suas necessidades intrínsecas. Costumamos apontar no outro as falhas, por frustrarem uma expectativa que é nossa, foi gerada dentro de nós ao longo das histórias vividas, e são nossos vazios.
Que nos encaremos, nos percebamos sem defesas, e assim, procuremos a paz dentro de nós. Assim, seremos capazes de nos relacionar com clareza, percebendo as partes que cabem a cada um. E se porventura, em algum momento isso não acontecer, tenha a atitude de parar, assumir, de refletir e perceber mais uma vez o que te move. Essa é a chave de viver bem.
Mas como fazer isso? Talvez seja a mais complicada das respostas adentrar nesta seara, pois envolve processos pessoais profundos nada fáceis como introspecção, reflexão, encarar os medos, assumir responsabilidades., reconhecimento de quem realmente somos, de uma escuta de si mesmo, percebendo e ouvindo seu corpo, suas sensações, sua presença, sem preconceitos, sem adjetivos, sem dogmas, sem julgamentos.
Conhecer a si mesmo é fundamental para conquistar um relacionamento afetivo com harmonia e crescimento mútuo. O que pode nos fazer alcançar bons relacionamentos cheios de afeto e parceria, dependerá do tipo de relacionamento que temos conosco.
Por isso, a busca em direção a nós mesmos, antecede o caminhar a dois e é ponto de partida para construir um relacionamento criativo e que envolva um crescimento saudável. Sem esquecer, é claro, que com a devida disposição, perceberemos a tremenda aventura de se conhecer de verdade!
Como você tem se relacionado consigo mesmo? Você se sente tranquilo em conversar consigo? Suas questões íntimas estão sendo trazidas à luz da consciência sem punições e julgamentos? Você se permite escutar as vozes que estão enjauladas pelos anos de aprendizado e paradigmas da nossa sociedade?
O processo de descoberta de si, através de vários questionamentos pode causar agitação e desconforto. E ele aparece principalmente quando a vida mostra o que não conseguimos ver ou aceitar em nós. O confronto da vida tem apenas um objetivo: nos fazer amadurecer e nos tornar mais capazes de aceitar a vida do jeito que ela realmente é.
Várias outras questões precisam ser repensadas e respondidas de forma sincera:
- Você sabe dizer com certa clareza como você tem atendido sua próprias demandas?
- Como você tem feito suas escolhas pessoais?
- Você tem segurança para fazer novas escolhas e dizer NÃO para algo ou alguém em sua vida?
- Você consegue viver o dia de hoje ou ainda deixa os devaneios do passado e do futuro dirigir sua decisões?
- Quais são seus projetos? Eles são criados por você ou você anda comprando projetos floreados e perfumado dos outros?
- O que o motiva a permanecer num relacionamento amoroso? Será que está esperando que o outro supra algum vazio que é seu? Quais seriam eles?
Buscar as respostas em si faz parte dessa aventura de adentrar no profundo do nosso ser, nesse processo gradativo e verdadeiro de se desnudar , de reconhecer a nossa essência, e nossas reais motivações e reações. Essa viagem para dentro de si irá modificar as suas relações, mas principalmente, fará de você alguém mais confiante e pleno. E isso não depende de quem está ao seu lado.
O importante é não olhar para as respostas com um martelinho de madeira igual ao usado pelos juízes nos tribunais. Você não tem como vencer a você mesmo. Não é possível condenar a si próprio. Você está aqui para aprender, crescer e usar cada uma das suas experiências como roteiro de viagem, pois sua caminhada começou a algum tempo e nela você caminhou até aqui. Você é o que é no dia de hoje, e foi criado e formatado de diversas maneira. Mas com certeza no dia de hoje você deve assumir a responsabilidade pela suas escolhas, e lembrar que você foi coparticipante em muitas delas, e continua escrevendo sua história.
VOCÊ É O RESULTADO DAS ESCOLHAS QUE FEZ ONTEM E SERÁ AMANHÃ O RESULTADO DAS ESCOLHAS QUE FIZER HOJE.
É importante questionar sobre tudo que lhe motiva, pois só você pode sabe-lo. Independente do momento, é preciso encontrar um tempo para ser seu melhor amigo e companheiro, pois quando esse hábito se torna parte de você, suas escolhas sempre serão está em relacionamentos que envolvam o mesmo companheirismo e afeto que sente por si mesmo. A partir daí todas as questões que ainda irão aparecer, serão resolvidas com comprometimento e amor. Esse é um grande segredo dos relacionamentos de casais que fazem bem a ambos.
A boa nova é que é possível. O presente da vida vem quando estarmos dispostos a aprender a cada dia.
Jackie Kauffman & AM
jacpsicologa@gmail.com

Um comentário:

  1. Jackie,
    Essa bateu no fundo da alma.
    Estou chegando aos 40 anos e ando realizando algumas viagens para dentro de mim mesma. Tento me redescobrir, conhecer medos, anseios, dores, alegrias, motivações e tudo que possa me ajudar a compreender e evoluir como ser humano.Estou tentando aceitar as falhas cometidas, admirando as vitórias conquistadas e traçando novos sonhos palpáveis a partir de agora!
    Obrigada..
    Queria poder ter esses papos com vc pessoalmente.
    Mas seu blog tem me ajudado.
    bj nos coração e saudades...
    Daly

    ResponderExcluir