AS BORBOLETAS...

Convido você a pensar sobre questões fundamentais para o ser humano. A maioria de nós está em constante busca de viver bem, de usufruir da vida e de nos desvencilhar da solidão.

Nossa história nos formou. Somos quem somos devido aos sistemas dos quais fazemos parte.

Ao mesmo tempo que ansiamos por um amor verdadeiro, que nos traga segurança, proximidade e cuidado; também desejamos viver paixões que nos revigorem, que acordem nosso desejo, que faça nossos corpos suspirarem.

O erotismo também é uma parte essencial de nós. É a propulsão de vida, o exalar da essência humana, a descoberta de si mesmo. Ele requer distanciamento, mistério, busca o inusitado, a espontaneidade, o perigo, o inseguro...Busca o encontro e o desencontro, ao mesmo tempo.

Falariam o amor e o erotismo duas línguas distantes? Em que etapas do caminho eles podem se cruzar? Pode uma relação estável manter acesa a chama do desejo após muito tempo? Conversaremos sobre estes e outros temas...




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

REPETIÇÕES DE PADRÕES FAMILIARES

Cada família tem suas regras, seus segredos, suas formas de interagir, suas disfunções e suas próprias maneiras de lidar com os problemas. Maneiras estas que podem ser positivas ou negativas para um ou mais membros desse sistema.

Todavia, por estarem seus membros inseridos no sistema, ao longo dos anos vai ficando impossível sentir e observar como ele realmente funciona e que males essa forma de funcionar pode estar trazendo aos seus membros como indivíduos e ao próprio sistema familiar como um todo.

Temos uma tendência intrínseca à repetição de padrões familiares apreendidos desde a infância, e que são passados de geração a geração, de formas explícitas e implícitas, conscientes e inconscientes. Por isso, comportamentos que odiávamos nos nossos pais que, inclusive nos fizeram sofrer, percebemos repetidos nas nossas próprias ações para com a nossa nova família.Esse tipo de repetição causa espanto e muita dor. 

O que é preciso para não repetir padrões que causaram-nos e continuam causando tanta dor? Como ser curado de traumas familiares que se impregnaram na nossa personalidade? Estas e outras perguntas tem sido feitas de forma angustiada, e para cada uma delas há vários caminhos a percorrer.

Trazemos para a nossa nova família padrões e formas de funcionar das duas famílias de origem. O que é preciso fazer é negociar e renegociar novas regras para uma nova família, para que uma nova história seja escrita sobre a terra, além de tratar as patologias que causam tantos dissabores a seus membros.

A afetividade, a comuniçação clara e a percepção dos erros cometidos dentro da interação familiar são fatores por demais importantes para que uma familia alcance seu equilíbrio. Isto parece óbvio e claro. Todavia, nem sempre os cônjuges percebem de maneira clara os reais motivos das crises. Na sua maioria acusam o outro e o responsabilizam por todos, ou pela maioria dos erros presentes na relação conjugal. 

Cada um tem razão, o outro é sempre o culpado, o outro não muda, eu não preciso mudar, ou, se ele(a) mudar, ai sim, vou me motivar a mudar também.

Ou mesmo, um dos conjuges assume alguns erros básicos mas, na sua visão, não são suficientes para detonar uma crise conjugal ou familiar. Os erros do outro, estes sim, são relevantes e têm levado a família à ruina. Posso chamar isso de falsa percepção, ou percepção distorcida, além da incapacidade pessoal de se colocar no lugar do outro e tentar enxergar a relação sob a ótica dele(a).

Não existe a visão certa ou errada. Existem visões e percepções, e estas dependem do ângulo de quem olha, da sua história, dos seus medos, dos seus traumas, das suas expectativas.

Muitas vezes, a criança é o melhor indicador da situação afetiva da família . A forma simples e realista com a qual enxerga o dinamismo familiar deve ser considerado. Assim como é extremamanete importante observar suas reações, suas patologias, seus sintomas, que nada mais são que pontas de icebergs num imenso mar cheio de montanhas soterradas. É preciso ouvir as crianças e permitir que elas, sem medo, ajudem as famílias e a elas próprias a se libertarem de padrões doentios, sendo livres para construirem novos relacionamentos.

É maravilhoso poder enxergar e ter a chance de mudar.

Jacqueline Kauffman

Um comentário:

  1. De fato, na minha pouca experiência como aconselhador, tenho aprendido isto que você falou: "a criança é o melhor indicador da situação afetiva da família".
    Excelente reflexão!

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